A chacina de Cunhaú
O movimento de insurreição contra o domínio holandês já
começara em Pernambuco, mas, na capitania do Rio Grande do Norte,
tudo parecia normal. Bastou, porém, a presença de uma só pessoa para que o
clima se tornasse tenso: Jacó Rabe, protestante calvinista, um alemão a serviço
dos holandeses. Ele chegara a Cunhaú no dia 15 de julho de 1645.
Rabe era um personagem por demais conhecido dos moradores
de Cunhaú. Suas passagens por aquelas paragens eram freqüentes, sempre
acompanhado dos ferozes tapuias, semeando por toda parte ódio e destruição. A
simples presença de Rabe e dos tapuias era motivo para suspeitas e temores.
"Além dos tapuias, Jacó Rabe trazia, desta vez,
alguns potiguares e soldados holandeses. Ele dizia-se portador de uma mensagem
do Supremo Conselho Holandês, do Recife, aos moradores de Cunhaú.
No dia 16 de julho, Domingo, um grande número de colonos estava na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco, Pe. André de Soveral. Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
No dia 16 de julho, Domingo, um grande número de colonos estava na igreja, para a missa dominical celebrada pelo Pároco, Pe. André de Soveral. Jacó Rabe mandara afixar nas portas da igreja um edital, convocando a todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho, que seriam dadas após a missa.
Como havia um certo receio pela presença de Jacó Rabe,
alguns preferiram ficar esperando na casa de engenho.
Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas por cumprir o preceito religioso, os fiéis não portavam armas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.
O Pe. André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.
Chegou a hora da missa. Os fiéis, em grupos de familiares ou de amigos, dirigiram-se à igrejinha de Nossa Senhora das Candeias. Levados apenas por cumprir o preceito religioso, os fiéis não portavam armas, mas só alguns bastões que encostaram nas paredes do pórtico.
O Pe. André inicia a celebração. Após a elevação da hóstia e do cálice, erguendo o Corpo do Senhor, para a adoração dos presentes, a um sinal de Jacó Rabe, foram fechadas todas as portas da Igreja e se deu início à terrível carnificina.
Foram cenas de grande atrocidade: os fiéis em oração,
tomados de surpresa e completamente indefesos, foram covardemente atacados e
mortos pelos flamengos com a ajuda dos tapuias e potiguares.
Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, 'entre mortais ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo, pedindo-lhe, com grande contrição, perdão de suas culpas", enquanto o Pe. André estava 'exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia".
Ao perceber que iam ser mesmo sacrificados, os fiéis não se rebelaram. Ao contrário, 'entre mortais ânsias se confessaram ao sumo sacerdote Jesus Cristo, pedindo-lhe, com grande contrição, perdão de suas culpas", enquanto o Pe. André estava 'exortando-os a bem morrer, rezando apressadamente o ofício da agonia".
Chacina de Uruaçu
Três meses depois aconteceu o martírio de mais 80
pessoas, e sempre pelas mãos dos protestantes calvinistas holandeses. Entre
elas estava o camponês Mateus Moreira, que teve o coração arrancado pelas
costas, enquanto repetia a frase: "Louvado seja o Santíssimo
Sacramento". Isso aconteceu na Comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do
Amarante (a 18 km de Natal).
Contam os cronistas que as notícias dos graves e
dolorosos acontecimentos de Cunhaú se espalharam rapidamente por toda a
capitania do Rio Grande do Norte e capitanias vizinhas. A população ficou
assustada e temia novos ataques dos tapuias e potiguares, instigados pelos protestantes
holandeses.
Também desta vez tudo aconteceu sob o comando de Rabe,
ajudado pelo chefe potiguar Antônio Paraopaba.
Os índios já tinham sido avisados das intenções dos dois
e lá estava o chefe potiguar com os seus comandados: mais de duzentos índios,
bem armados.
Logo que desceram dos batéis, os flamengos ordenaram aos
moradores que se despissem e se ajoelhassem. A um sinal dado por eles, os índios,
que estavam emboscados, saíram dos matos e cercaram os indefesos colonos.
Teve início, então, a terrível carnificina, descrita com
impressionante realismo pelos cronistas portugueses. Nas descrições, nota-se o
contraste entre a crueldade dos protestantes e indígenas algozes e a resignação
e o perdão das vítimas:
"Começaram a dar tão desumanos e atrozes tormentos
aos homens que já muitos dos que padeciam tomavam por mercê a morte. Mas os
holandeses usaram da última crueldade entregando-os aos tapuias e potiguares,
que ainda vivos os foram fazendo em pedaços, e nos corpos fizeram anatomias
incríveis, arrancando a uns os olhos, tirando a outros as línguas e cortando as
partes verendas e metendo-lhas nas bocas...".
A descrição da morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.
A descrição da morte de Mateus Moreira é o ponto mais expressivo de toda a narrativa de Uruaçu e constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio.
"Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas, e
ele morreu exclamando: 'Louvado Seja o Santíssimo Sacramento."
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