A Igreja tem como
missão evangelizadora e pastoral, recebida de Jesus Cristo, iluminar a
consciência das pessoas com a luz do Evangelho e dos valores do Reino de Deus,
motivando-as ao exercício da plena cidadania. Neste sentido, o Papa Bento XVI
disse que “a política é mais do que uma simples técnica para a definição dos
ordenamentos públicos: a sua origem e o seu objetivo estão precisamente na
justiça, e esta é de natureza ética”.E ainda mais: “a Igreja não pode nem deve
tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais
justa possível. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela
justiça” (Cf. Deus Caritas Est, 28).
Os cristãos e toda população chamados a
exercerem um de seus mais expressivos deveres de cidadão, que é o voto livre e
consciente, escolham bem os candidatos em quem vão votar. Candidatos que
estejam comprometidos com o bem comum. Não votar em candidatos com promessas,
promessas e promessas ilusórias. Votar em candidatos com Ficha Limpa, dignos de
confiança, para colocar fim à corrupção eleitoral. Não aceitar ato tão imoral
como a compra e venda de votos. É ilegal e imoral vender o próprio voto, em
troca de benefícios de qualquer espécie. Como é também imoral e ilegal a
tentativa de comprar votos. É preciso votar em candidatos que respeitem a vida,
preservem o meio ambiente, valorizem a educação, lutem por atendimento melhor
na saúde, executem o saneamento básico, segurança pública, superação da
violência urbana e rural e das drogas. As eleições municipais marcadas para o
próximo dia sete de outubro colocam em disputa os projetos que discutem os
problemas mais próximos do povo. Um tempo particularmente propício para a
participação consciente e responsável de todos na vida política, seja como
eleitor, seja como candidatos a prefeitos e a vereadores, fazendo valer a
mensagem: “voto não tem preço, tem consequências!”.
Não vote apenas levado pela propaganda ou pelo
interesse financeiro pessoal. Voto não é troca de favores, mas uma escolha
livre.O exercício do voto é um direito e um dever de cada cidadão, e este deve
exercê-lo segundo a sua própria consciência. Um voto consciente resulta na
dignidade da vida, na moralidade pública e no bem comum.Nada mais justo, pois,
do que batalhar por uma eleição limpa, confiável e que devolva esperança ao
povo. Abrir horizontes para “um novo Estado, caminho para uma nova sociedade do
bem viver”.“Incentive-se cada vez mais a participação social e política dos
cristãos leigos e leigas nos diversos níveis e instituições” e “como cidadãos
cristãos, cabe nos empenharmos na busca de políticas públicas que ofereçam as
condições necessárias ao bem-estar de pessoas, famílias e povos” (DGAE, 115 e
116). “O vasto e complexo mundo da política, da realidade social e da economia
é campo próprio dos leigos” (EN 70). A Igreja “não concorda com a militância
político-partidária de membros do clero ou de religiosos” (CNBB, Doc. 22,5; Puebla
524). E estes também não subam em palanques, nem façam campanhas e nem
propagandas partidárias.
A política deve ser
praticada como busca sincera do bem-comum, de modo a promover os direitos dos
cidadãos, a começar do âmbito municipal, e não segundo os interesses
particulares de candidatos, de indivíduos ou de grupos. O exercício do voto é
um dos mais importantes atos de cidadania para as transformações sociais nos
municípios e no país. Empenhemo-nos na tarefa de ajudar a construir uma
sociedade justa, fraterna e solidária. É bom lembrar que votar é importante,
mas ainda não é tudo. Acompanhe, depois das eleições, as ações e decisões
políticas e administrativas dos prefeitos e vereadores, para cobrar deles a
coerência para com as promessas de campanha e apoiar as decisões acertadas.
Deus abençoe e ilumine a todos e todas, eleitores e candidatos, nas eleições
municipais deste ano, para o bem de todo o povo!
Dom Francisco de Assis Dantas de Lucena é Bispo da Diocese de Guarabira - PB e Secretário da Conferência Nacional de Bispos Regional Nordeste 2 (CNBB NE2).
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