Preso desde a manhã do sábado passado em Caicó, o advogado Rivaldo Dantas de Farias, foi transferido ontem para a sede do Quartel do Comando Geral da Polícia Militar, em Natal. Ele é acusado de participar da quadrilha que encomendou o assassinato do radialista F. Gomes, em 2010. Rivaldo Dantas foi recolhido de forma preventiva, em decorrência de um mandado de prisão expedido pelo juiz criminal da Comarca de Caicó, Luiz Cândido de Andrade Villaça.
De acordo com informações do Sargento Paiva, que conduziu a transferência do suspeito, Rivaldo foi trazido de Caicó para a capital pois naquela cidade não existem celas consideradas de "Estado Maior", nas quais os advogados suspeitos de crimes devem ser obrigatoriamente custodiados.
Ao chegar no Quartel do Comando Geral, escoltado por soldados do Grupo Tático Operacional do 6º Batalhão da Polícia Militar, Rivaldo recebeu o encaminhamento para realizar o exame de corpo de delito no Itep. Ele entrou e saiu do prédio sem falar com a imprensa. Sua permanência no Instituto não demorou mais que vinte minutos .
Dentro da viatura da PM, para retornar ao Quartel, Rivaldo Dantas escondeu o rosto dos fotógrafos com uma Bíblia Sagrada. Conforme declarações do sargento Paiva, o advogado passou a maior parte do traslado entre Caicó e Natal em silêncio. O mandado de prisão preventiva de Rivaldo Dantas de Farias foi solicitado pela delegada titular da Divisão Especializada no Combate ao Crime Organizado (Deicor), Sheila Freitas, e aceito pelo Ministério Público Estadual.
A delegada teria encontrado indícios da participação de Rivaldo Dantas na morte do jornalista durante investigações realizadas recentemente. Rivaldo Dantas atuou como advogado de João Francisco dos Santos, conhecido como Dão, até ser preso no sábado passado. João Francisco, o Dão, assumiu a culpa pela morte do radialista no dia 18 de outubro 2010. Seu então advogado foi preso pela Polícia Militar de Caicó e encaminhado à Delegacia Regional do Seridó, antes de ser conduzido para o Quartel Geral da Polícia Militar.
A investigação do assassinato do radialista, que ancorava um dos programas de maior audiência no rádio caicoense, já havia resultado na prisão do suposto mandante, o empresário Lailson Lopes, popularmente conhecido como Gordo da Rodoviária. O pastor evangélico Gilson Neudo Soares do Amaral, que já estava preso por tráfico de drogas em Caicó, é mais um suspeito de participação no crime e foi indiciado pela Justiça. Além deles, o soldado da Polícia Militar, Evandro Medeiros, também foi preso no dia 19 deste mês na mesma cidade, também como suspeito. A suposta participação deste último e a do advogado Rivaldo Dantas, não foi detalhada pela delegada.
O militar está recolhido em uma das celas do 6º Batalhão da Polícia Militar em Caicó. João Francisco dos Santos, assassino confesso do radialista, também está preso no município. Rivaldo Dantas era seu defensor no inquérito que apura o assassinato de F. Gomes e foi preso após a delegada Sheila Freitas abrir um novo inquérito policial para a colheita de novos depoimentos e provas para subsidiar o primeiro inquérito, que foi presidido pelo delegado Ronaldo Gomes.
A delegada Sheila Freitas foi procurada para comentar as recentes prisões, mas não retornou às ligações telefônicas. As denúncias oferecidas pelo MPE contra Lailson Lopes e João Francisco dos Santos, os transformaram em réus e eles já estão pronunciados para irem à juri popular. A data ainda não foi divulgada.
Memória
O jornalista e radialista Francisco Gomes de Medeiros, mais conhecido como F. Gomes, foi assassinado na noite do dia 18 de outubro de 2010, na cidade de Caicó. Ele estava na calçada de casa, na rua Professor Viana, no bairro Paraíba, quando um homem chegou numa moto e abriu fogo. Atingido por três tiros fatais, foi levado para o Hospital Regional, mas não resistiu aos ferimentos. F. Gomes tinha 46 anos, era casado com Eliane Gomes e pai de 3 filhos.
João Francisco dos Santos, o Dão, confessou o crime e afirmou ter matado o jornalista por vingança. Após vários depoimentos ao delegado Ronaldo Gomes, que presidia o inquérito à época, Dão afirmou que tinha jurado de morte o comunicador desde 2007, quando foi preso por roubo qualificado depois de uma denúncia realizada por F. Gomes. Desde o início do caso, Rivaldo Dantas Farias é o advogado de defesa do acusado.
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CASO F. GOMES. ADVOGADO FICA NO QUARTEL DA PM
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