O Papa Bento XVI iniciou sua visita de três dias ao México atacando diretamente a violência — como havia adiantado que faria, ainda no avião papal. O avião que trazia o pontífice aterrissou pouco depois das 19h30 (horário de Brasília) em León, no México — o país abriga a segunda maior população católica do mundo.
— Eu vou rezar especialmente para aqueles que estão necessitados, particularmente por aqueles que sofrem por causa de novas e velhas rivalidades, ressentimentos e todas as formas de violência — disse, em espanhol, em seu primeiro discurso em solo mexicano.
O presidente Felipe Calderón, que tenta a reeleição em julho e sofre desgaste por não conseguir conter a escalada da violência, espera encontrar algum conforto nos discursos de Bento XVI.
— O México tem sofrido, como a Sua Santidade sabe bem, a cruel violência do crime organizado — disse o presidente em seu discurso de boas vindas.
Uma performace de dança tradicional e de músicos mariachis fez parte da recepção. Milhares de pessoas aguardavam a chegada do pontífice, que desceu do avião sem usar a bengala com a qual havia embarcado e aparecia em público pela primeira vez.
Pelo caminho que o pontífice faria após deixar o aeroporto, os fiéis mostravam um painel com os dizeres "Papa, reze para que a violência acabe, reze para que a paz volte”.
— Há lugares em que não se pode nem colocar o pé para fora de casa por causa da violência — diz Martin Zamora, de 16 anos, um dos jovens que seguravam o painel.
No avião, Bento XVI já havia prometido atacar duramente os cartéis de drogas e a violência decorrente do tráfico no México.
O presidente do México e o seu conservador Partido da Ação Nacional (PAN) — que possui fortes raízes católicas — investiu grande capital político na tentativa de acabar com os grupos criminosos. Mas, atingindo 50 mil, a contagem de mortes erodiu o apoio ao PAN meses antes da eleição de 1 de julho. Com isso, o oposicionista Partido Revolucionário Institucional (PRI), lidera nas pesquisas.
O pontífice realizará uma missa no domingo para centenas de milhares de fiéis. Em seguida, ele segue para Cuba em uma visita para encorajar a ilha comunista a ir em direção à democracia e permitir um maior espaço à Igreja Católica no país.
Abusos sexuais
Durante a visita, o pesquisador da religião Bernardo Barranco irá apresentar um livro em que indica que o Vaticano tinha conhecimento sobre abusos sexuais cometidos por Marcial Maciel. Ex-líder da ordem católica Legionários de Cristo, Maciel é acusado de molestar garotos.
Bento XVI, no passado, pediu desculpas pelos abusos sexuais cometidos por padres, mas não tem planos de se encontrar com as vítimas mexicanas.
— Há tanto sofrimento no México que focar só num tema seria exagerado — diz o padre Jorge Martinez, da Conferência Episcopal do México, quando perguntado sobre o assunto.
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PAPA BENTO XVI INICIA VISITA AO MÉXICO
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