O texto do evangelho desta liturgia está carregado de simbolismos. Fala de barca, ventania, ondas e mar. Ondas, mar e tempestades, normalmente, são vistos como perigosos e causadores de medo, assim como se deu com os discípulos. Não raro, nos momentos de tempestades pedimos socorro aos céus. Quais tempestades temos de enfrentar, como comunidade e como cristãos?
O mar, juntamente com as ondas e as tempestades, é eloquente símbolo do mal. Ele representa as forças adversárias da vida. O Antigo Testamento alude ao poder de Deus sobre as forças do mal que habitam o mar. Hoje Jesus demonstra seu senhorio sobre as ondas devastadoras e amedrontadoras.
Por sua vez, a barca, mencionada três vezes, é vista pela tradição como símbolo da comunidade. A barca agitada pelas ondas é a Igreja enfrentando as tempestades que a põem em perigo, mas não conseguem afundá-la, porque está arraigada em Jesus. Não têm sucesso em destruí-la ou derrotá-la porque Cristo está nela, na travessia da vida. Quando não se consegue perceber a presença de Jesus, a barca balança e põe em risco seus tripulantes.
Jesus dormindo contrasta com os discípulos temerosos. O sono de Jesus revela sua confiança no Pai, e o medo dos discípulos denuncia a falta de fé na pessoa e no poder do Filho de Deus. O medo paralisa, não deixa a comunidade avançar, bloqueia a acolhida do projeto de Jesus. Por outro lado, pode ser sadio quando nos põe em alerta diante dos perigos reais que ameaçam a vida; nesse caso, previne-nos para não cairmos nas armadilhas da violência.
Hoje em dia a humanidade pode até conhecer e, em certa medida, controlar as forças da natureza, mas outros problemas desafiam o homem moderno: por que o sofrimento de tantos inocentes, as mortes prematuras e de jovens de bem, a guerra e a fome no mundo, a injustiça e a violência campeiam na sociedade? Somente uma fé sólida e esclarecida pode dar resposta a tantas interrogações que surgem na vida do cristão.
Pe. Nilo Luza, ssp
Nenhum comentário:
Postar um comentário