Na Missa de hoje, Francisco
alertou sobre o perigo da ganância; gerir bem as riquezas da Terra é uma luta
cotidiana, disse
Na homilia desta sexta-feira, 19,
na Casa Santa Marta, o Papa Francisco falou sobre a distribuição igualitária
das riquezas, alertando sobre o perigo da ganância. Para o Papa, as riquezas
acumuladas para si estão na origem das guerras, das famílias destruídas e da
perda de dignidade. A luta cotidiana é, ao invés, administrar as riquezas da
terra para o bem comum, disse.
“As riquezas não são como uma
estátua, paradas, sem exercer influência na vida de uma pessoa. As riquezas têm
a tendência a crescer, a se movimentar, a ocupar um lugar na vida e no coração
do homem. E se é o acúmulo a impulsionar o homem, as riquezas acabarão por
invadir o seu coração, tornando-o ‘corrupto’”.
A reflexão foi inspirada no
Evangelho do dia, em que Jesus deixa como ensinamento aos discípulos: “Onde
está o teu tesouro, aí estará também teu coração”. Jesus convida os discípulos
a não juntar tesouros na terra, mas sim no céu. Segundo Francisco, existe, na
raiz do acúmulo, a necessidade de segurança; mas o risco de se tornar escravo desse
acúmulo é grande.
“No final, essas riquezas não dão
a segurança para sempre. Pelo contrário, levam embora a sua dignidade. E isso
também nas famílias: há tantas que estão divididas. Também na raiz das guerras
há esta ambição, que destrói e corrompe. Neste mundo, neste momento, há tantas
guerras por avidez de poder, de riquezas. Pode-se pensar na guerra em nosso
coração. ‘Afastem-se de toda ganância!’, assim diz o Senhor. Porque a ganância
avança, avança, avança… É um degrau, abre a porta: depois vem a vaidade –
acreditar ser importante, poderoso.. – e, por fim, o orgulho. E a partir dali
todos os vícios, todos. São degraus, mas o primeiro é este: a ganância, a
vontade de acumular riquezas”.
Conversão
Francisco reconheceu também que o
“acumular” é uma característica do homem e que fazer as coisas e dominar o
mundo é também uma missão. E esta é a luta de todos os dias: como gerir bem as
riquezas da Terra para que sejam orientadas ao Céu e se tornem riquezas do Céu.
“Há uma coisa verdadeira, quando o
Senhor abençoa uma pessoa com as riquezas: faz dela o administrador daquelas
riquezas para o bem comum e para o bem de todos, não para seu próprio bem. E
não é fácil se tornar um honesto administrador, porque existe sempre a tentação
da ganância, de se tornar importante. O mundo nos ensina isso e nos leva para
esta estrada. Pensar nos outros, pensar que aquilo que tenho está a serviço dos
outros e que nada que possuo levarei comigo. Mas se uso o que o Senhor me deu
para o bem comum, como administrador, isso me santifica, me fará santo”.
Como reflexão final, Francisco
convidou cada um a pensar diariamente onde está o seu tesouro, se está nas
riquezas ou na administração, no serviço pelo bem comum. Muitos tranquilizam a
consciência dando esmola, ou seja, o que lhe sobra, mas isso, segundo
Francisco, não é ser um bom administrador.
“O administrador pega para si o
que sobra e dá tudo aos outros. Administrar a riqueza é um despojar-se
continuamente do próprio interesse e não pensar que essas riquezas nos darão a
salvação. Acumular sim, tudo bem; tesouros sim, tudo bem, mas os que têm preço
– digamos assim – na “bolsa do Céu’. Ali, acumular ali!”.
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