POR
UM AMOR MAIOR
Podem
parecer duras as palavras de Jesus no evangelho de hoje. Jesus estaria
menosprezando as relações familiares, o amor pelos pais, pelo marido ou esposa,
pelos filhos ou irmãos? Certamente não. Ele está chamando a atenção para um
amor maior, absoluto, que não decepciona e é o único capaz de preencher
plenamente o vazio do coração humano.
Suas
palavras querem dizer que somente quem se transformou pelo encontro com ele é
que pode ser seu discípulo. Ou seja, somente quem relativiza as relações, mesmo
as relações familiares mais íntimas, pode assumir na própria vida a mesma
missão de Jesus: a cruz, a doação incondicional até o fim, sem meios-termos.
Seguir
a Jesus, além disso, não é um ato mágico, automático ou impensado. O seguimento
é como uma construção ou uma luta: envolve riscos e requer esforço, preparação
e sensatez. Não porque sejamos autossuficientes, mas porque as escolhas que
fazemos na vida são responsabilidade nossa e não de Deus.
Ser
cristão é algo exigente, pois cristão é quem se transforma continuamente pelo
encontro pessoal com Jesus, é quem aprende com a vida do Mestre, o qual assumiu
até o fim a missão do Pai, num caminho de doação e conflito até a morte de
cruz.
O
caminho da renúncia a tudo, até à própria vida, é o caminho que Jesus deixa aberto
diante dos discípulos. E não são nada teóricas as palavras do Mestre, se
considerarmos o amor que ele demonstrou por todos, também pelos que a ele se
opuseram. Um amor maior, sem limites, que contemplou sua família de sangue, mas
não ficou limitado a ela.
Somente
o amor maior de Jesus nos torna cristãos. Neste amor, todo relacionamento ganha
novo sentido: não de posse, cobrança ou mesquinhez, mas de doação, gratuidade e
desprendimento.
Pe.
Paulo Bazaglia, ssp
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