O AMOR NOS IDENTIFICA
O texto do evangelho, que integra o
sermão da montanha de Mateus, põe-nos diante de duas propostas
revolucionárias de Cristo: a resistência não violenta e o amor sem
limites.
A “lei do talião” descrita no
Primeiro Testamento representou um avanço ou um freio contra a violência
sem limites, mas Jesus quer superar isto que pode ser chamado de
“círculo violento”. O “porém” de Jesus não sinaliza submissão aos
tiranos ou aos que nos violentam. O ódio, a violência, a vingança
provocam uma espiral que só pode ser vencida por atitudes não violentas.
Sabemos que resposta violenta à violência só faz aumentá-la. Combater o
mal com violência é se colocar do lado do mal. A proposta de Jesus não
conduz ao dilema entre resistir ou não, mas consiste em como resistir ao
mal. Seu ensinamento é “resistência não violenta”: resistência sim,
violência não.
Em vez de “amar o próximo e odiar o
inimigo”, Jesus propõe amar a ambos. Ele nos ensina que não podemos
dedicar nosso amor somente ao próximo, a quem nos agrada e com quem
simpatizamos, mas cumpre-nos estendê-lo também ao inimigo. Em outras
palavras, nosso amor não deve ter limites. O Mestre nos pede realmente
algo muito difícil de assumir. Mas ele mesmo nos diz que, se agimos como
os outros, não fazemos a diferença, e fazer a diferença é algo
característico do verdadeiro cristão.
Entre os ensinamentos do sermão da
montanha, essa talvez seja uma das propostas mais difíceis de viver e a
que mais identifica o discípulo de Jesus. Ao longo da história da
humanidade, muitas foram as personagens que procuraram encarná-la:
Gandhi, Helder Câmara, Paulo Evaristo Arns, Zilda Arns… Mediante a não
violência e o amor, vivendo nossa vocação ao “extraordinário”,
demonstraremos que somos de fato cristãos. Esta nossa identidade nos
impele a ser promotores da cultura da paz e da concórdia.
Pe. Nilo Luza, ssp
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