O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil
(CNBB), que reúne a presidência e os presidentes dos regionais e das comissões
da instituição, divulgou, ontem (13), mensagem sobre a Copa do Mundo, que terá
início em junho.
No texto, intitulado "Jogando pela vida", os bispos afirmam
que "a Igreja no Brasil acompanha, com presença amorosa, materna e
solidária, esse grande evento que reunirá vários países e protagonizará a
oportunidade de um congraçamento universal".
Ao
mesmo tempo, manifestam solidariedade "com os que, por causa das
obras da Copa, foram feridos em sua dignidade e visitados pela dor da perda de
entes queridos".
Os
bispos convidam a sociedade brasileira a aderir ao projeto "Copa da
Paz" e à Campanha "Jogando a favor da vida - denuncie o tráfico
humano", que têm a finalidade de colaborar para que o evento seja
"lembrado como tempo de fortalecimento da cidadania".
Leia
o texto na íntegra:
Jogando pela vida
Mensagem da CNBB sobre a Copa do Mundo
Mensagem da CNBB sobre a Copa do Mundo
Direito humano de especial valor, o esporte é necessário a uma vida saudável e não deve ser negligenciado por nenhum povo. De todos os esportes, o brasileiro nutre reconhecida paixão pelo futebol. Explicam-se, assim, a expectativa e a alegria com que a maioria dos brasileiros aguarda a Copa do Mundo que será realizada em nosso país, pela segunda vez.
Fiel à sua missão evangelizadora, a Igreja no Brasil acompanha, com
presença amorosa, materna e solidária, esse grande evento que reunirá vários
países e protagonizará a oportunidade de um congraçamento universal, “na
alegria que o esporte pode trazer ao espírito humano, bem como os valores mais
profundos que é capaz de nutrir”, como nos lembra o Papa Francisco.
Os brasileiros, identificados por sua hospitalidade e alegria, saberão
acolher aqueles que, de todas as partes do mundo, virão ao nosso país por
ocasião da Copa. Nossos visitantes terão a oportunidade de conhecer a riqueza
cultural que marca nossa terra, sua gente, sua arte, sua religiosidade, seu
patrimônio histórico e sua extraordinária diversidade ambiental.
A Copa se torna, portanto, ocasião para refletir com a sociedade sobre
as relações pacíficas e culturais entre todos os povos, bem como sobre os
aspectos sociais e econômicos que envolvem o esporte que é harmonia, desde que
o dinheiro e o sucesso não prevaleçam como objeto final, conforme alerta o Papa
Francisco.
Lamentamos que, na preparação para a Copa, esse último aspecto tenha
prevalecido sobre os demais, motivando manifestações populares que acertadamente
reivindicam a soberania do país, o respeito aos direitos dos mais vulneráveis e
efetivas políticas públicas que eliminem a miséria, estanquem a violência e
garantam vida com dignidade para todos. Solidarizamo-nos com os que, por causa
das obras da Copa, foram feridos em sua dignidade e visitados pela dor da perda
de entes queridos.
Não é possível aceitar que, por causa da Copa, famílias e comunidades
inteiras tenham sido removidas para a construção de estádios e de outras obras
estruturantes, numa clara violação do direito à moradia. Tampouco se pode
admitir que a Copa aprofunde as desigualdades urbanas e a degradação ambiental
e justifique a instauração progressiva de uma institucionalidade de exceção,
mediante decretos, medidas provisórias, portarias e resoluções.
O sucesso da Copa do Mundo não se medirá pelos valores que injetará na
economia local ou pelos lucros que proporcionará aos seus patrocinadores. Seu
êxito estará na garantia de segurança para todos sem o uso da violência, no
respeito ao direito às pacíficas manifestações de rua, na criação de mecanismos
que impeçam o trabalho escravo, o tráfico humano e a exploração sexual,
sobretudo, de pessoas socialmente vulneráveis e combatam eficazmente o racismo
e a violência.
A sociedade brasileira é convidada a aderir ao projeto “Copa da Paz” e à
Campanha “Jogando a favor da vida – denuncie o tráfico humano”. Seu objetivo é
contribuir para que a Copa do Mundo em nosso país seja lembrada como tempo de
fortalecimento da cidadania. Por meio destas iniciativas, a Igreja se faz
presente na vida política e social do país, cumprindo sua missão
evangelizadora. Ao mesmo tempo, conclamamos as Dioceses em cujo território
estão localizadas as cidades-sede da Copa a oferecerem especial atenção
religiosa aos seus diocesanos e aos visitantes.
O jogo vai começar e o Brasil se torna, nesse momento, um imenso campo,
sem arquibancadas ou camarotes. Somos convocados para formar um único time, no
qual todos seremos titulares para o jogo da vida que não admite espectadores.
Avançando na mesma direção, marcaremos o gol da vitória sobre tudo que se opõe
ao bem maior que Deus nos deu: a vida. Essa é a “coroa incorruptível” (1Cor
9,25) que buscamos e que queremos receber ao final da Copa. Então, seremos
todos vencedores!
Que a padroeira do Brasil, Nossa Senhora Aparecida, nos agracie com sua
bênção e proteção neste tempo de fraternidade e congraçamento entre os povos
Cardeal Raymundo Damasceno Assis
Arcebispo de Aparecida
Presidente da CNBB
Dom José Belisário da Silva, OFM
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Arcebispo de São Luís do Maranhão
Vice-Presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
Bispo Auxiliar de Brasília
Secretário Geral da CNBB
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