O Seridó, a barragem do oiticica e a seca

Está alarmante a situação do abastecimento d’água nos municípios da Região Seridó do Rio Grande do Norte. Numa recente reunião política que participei debatemos a situação dos recursos hídricos da região. O cenário que nos apresenta demonstra atrasos na gestão hídrica e avanços na esfera social.

Temos um quadro em que os municípios de Carnaúba dos Dantas, Equador e Serra Negra do Norte estão sendo totalmente abastecidos, tanto a Zona Urbana quanto a Zona Rural, integralmente por carros-pipas. Além disso, a situação agrava-se na medida em que a maioria dos reservatórios da região encontra-se com volume total de água entre 5% e 30% da capacidade.

Vale destacar, também, que a Barragem Armando Ribeiro Gonçalves está com menos de 50% da sua capacidade total e que a adutora responsável pelo abastecimento de parte dos municípios da Região do Seridó distribui a água deste reservatório.

Lendo algumas publicações jornalísticas do passado, encontrei informações que relatam o fato do projeto da Barragem de Oiticica ser reivindicado desde a década de 40 do século passado.

Toda vez que a seca toma de conta da paisagem sertaneja do Seridó, alguma autoridade vem a público prometer esse contentamento ao povo seridoense conduzindo esperança ao imaginário popular. Essa promessa representa simbolicamente como o Poder Público tratou ao longo da história esse fato natural cíclico inerente a uma parte do nordeste brasileiro, onde medidas são tomadas apenas emergencialmente, depois que a falta de chuvas passa, os projetos ficam engavetados a espera de uma nova seca.

O último reservatório construído na região do Seridó foi a Passagem das Traíras, que teve a obra concluída em 1994. De lá pra cá, o desenvolvimento na região foi ampliado e a população cresceu, demandando mais recursos hídricos.

Quando falamos em seca, logo lembra a relação desproporcional entre combate versus convivência, mas quero relatar para vocês um avanço social que estamos vendo nos tempos atuais.

Nas secas anteriores não havia uma rede de proteção social construída pelo Governo Lula e ampliada pelo Governo Dilma. Diante desse novo quadro, tanto na Zona Rural, quanto na Zona Urbana, temos programas importantes como o Bolsa-Família, o Garantia-Safra, PRONAF e o aumento da disponibilidade do crédito aos pequenos produtores rurais. Com a consolidação desses programas ao longo dos anos, temos constatado nessa seca, a não ocorrência de saques de mercadorias, mercadinhos e empresas, fatos que haviam no passado.

Da mesma forma que o Governo conseguiu construir uma rede de proteção social consolidada ao longo desses anos, é possível a partir de agora, com o apoio popular, construir ações mais efetivas de convivência com a seca.

A construção de cisternas foi um marco ao longo desse último período, antes o sertanejo não tinha onde armazenar água. Agora precisamos partir para a construção de sistemas de abastecimento de água simplificados para pequenas comunidades rurais.

O governo Lula levou energia para muitos recantos do país com o Programa “Luz para todos”, agora é preciso levar água e incentivar a sustentabilidade no semiárido nordestino, diminuindo e buscando acabar com a importância do carro-pipa na paisagem interiorana do nosso sertão.

Não podemos esquecer que é um desafio do Governo Dilma (PT) e do Governo Rosalba (DEM) tirarem do papel um projeto de mais de cinquenta anos e que fora prometido por todos os outros que passaram por uma seca no Seridó: a Barragem de Oiticica. Com ela teremos mais segurança hídrica para os municípios do Seridó que estão à beira de um colapso hídrico nesses novos tempos.

Confira um resumo da situação hídrica atual dos reservatórios da Região do Seridó:

- Açude Caldeirão Parelhas (Parelhas) – Capacidade m³ = 9.320.657 – Volume Atual = 1.294.117 = 13,88 %

- Açude Cruzeta (Cruzeta) – Capacidade m³ =  23.545.745 – Volume Atual = 3.133.553 –  13,31 %

- Açude Currais Novos (Currais Novos) Capacidade m³ = 3.815.125 – Volume Atual = 414.509 – 10,86 %

- Açude Dourado (Currais Novos) – Capacidade m³ = 10.321.000 – Volume Atual = 808.920 – 7,84 %

- Açude Itans (Caicó) – Capacidade m³ =  81.750.000 – Volume Atual = 22.226.000 – 27,19 %

- Açude Marechal Dutra (Acarí) – Capacidade m³ = 44.421.480 – Volume Atual 13.469.846 – 30,32%

- Açude Mundo Novo (Caicó) – Capacidade m³ = 3.599.400 – Volume Atual = 347.400 – 9,65 %

- Açude Zangarelhas (Jardim de Seridó) – Capacidade m³ = 7.916.250 – Volume Atual = 1.086.375 – 13,72 %

- Açude Sabugi ( São João do Sabugi) – Capacidade m³ =             65.335.000 – Volume Atual  = 12.813.000 – 20 %

- Boqueirão (Parelhas) Capacidade m³ = 84.792.119 – Volume Atual = 25.701.823 – 30,31 %

- Carnaúba (São João do Sabugi) – Capacidade m³ = 25.710.900 – Volume Atual = 4.040.400 – 15,71 %

- Esguicho (Ouro Branco) – Capacidade m3 = 21.709.345 – Volume Atual = 4.492.319 – 20,69 %

- Passagem das Traíras (São José do Seridó) – Capacidade m³ = 49.702.394 – Volume Atual = 7.413.071 – 14,91 %

- Barragem Armando Ribeiro Gonçalves (Açu) – Capacidade m3 = 2.400.000.000 – Volume Atual = 1.144.960.000 – 47,71 %

 Acompanhe:

http://www.cartapotiguar.com.br/2013/04/04/o-serido-a-barragem-do-oiticica-e-a-seca/

Share: