A PORTA DA FÉ
Quando proclamou o Ano da Fé (2012-2013), o papa Bento XVI escreveu uma carta intitulada A Porta da Fé. Essa expressão nós a ouvimos vivamente na primeira leitura de hoje (cf. At 14,27). Portanto, em sintonia com a palavra de Deus, a liturgia deste domingo é um convite a experimentarmos a alegria de pertencer a Deus.
No dia de nosso batismo, a porta da felicidade plena nos foi aberta; daquele momento em diante podemos nos referir a Deus de forma muito íntima e confiante: ele é Pai. Pai que ama. Não condena, não castiga, não se ausenta. E também não “força a barra”. Respeitando a liberdade que ele mesmo nos deu, o Senhor só entra em nossa casa se lhe abrimos a porta. Ele bate à porta, toma a iniciativa de vir ao nosso encontro. Porém não empurra a porta para entrar.
Na perspectiva cristã, nós nos tornamos dignos pelo batismo. Mergulhados nas águas, fazemos a passagem de um estado de morte para uma condição de vida feliz, livre. “Pelo batismo nós fomos sepultados com ele na morte para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos pela glória do Pai, assim também nós vivamos vida nova” (Rm 6,4). Ressuscitamos com Cristo. De modo que, ressuscitados, podemos caminhar com ele. Somos a comunidade dos ressuscitados. A comunidade pascal.
Por isso, a entrada na comunidade cristã é passagem, é páscoa! Daí todo o esforço empregado pela comunidade cristã primitiva em favor da catequese (catecumenato) de iniciação cristã. Simbolicamente, ser batizado é a entrada na Terra Prometida. Olhando pelo retrovisor da história da salvação, somos, pois, o “resto” do povo salvo pelas “águas do dilúvio”. Somos também o povo que passou a pé enxuto pelo mar Vermelho. Atravessamos também as águas do Jordão. Ali, tomamos posse da Terra da Promessa. Isto é, entramos na Igreja.
Quem mergulha nas águas batismais segue o caminho de Cristo. “Se alguém está em Cristo, é nova criatura. Passaram-se as coisas antigas; eis que se fez realidade nova” (2Cor 5,17). E ainda proclama o Apocalipse: “Eis que faço novas todas as coisas” (Ap 21,5). A comunidade cristã vive, desde já, a esperança da plenitude em Deus.
Assim, em meio a todos os desafios e dificuldades, ser cristão consiste no seguimento de Jesus Cristo, andar na contramão do mundo perverso. “Como eu vos amei, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros” (Jo 13,34-35). Aí está nosso compromisso. O Senhor ressuscitado, que nos abriu a porta da fé, ajude-nos a vivê-la, no amor.
Pe. Antonio Iraildo Alves de Brito, ssp
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