Em 2005 participei do curso anual de parapsicologia e religião ministrado pelo Clap, Centro Latino Americano de Parapsicologia. O curso aconteceu em São Paulo, em janeiro daquele ano. Fiquei encantado, ainda mais, pelo assunto. Hoje, quase sete anos depois, vejo e me coloco diante de Deus me sentindo na responsabilidade de partilhar de alguma maneira todo o vasto e maravilhoso conteúdo que lá vi. Com a explosão de tantas propostas e tantas doutrinas, tenho encontrado vários cristãos angustiados com fenômenos que não deveriam nos assustar, muito menos abalar nossa fé ou confiança na bondade do Pai criador, pois são fenômenos já explicados pelas nossas próprias ciências. A mente humana é o maior computador e o universo mais vasto, belo e misterioso ao mesmo tempo, muito do que nos encanta e assusta, como os fatos não dominados e que chamamos de fantasmas, alma, assombração etc., nascem da mesma máquina donde brotam as leituras, explicações, avaliações, interpretações, conteúdos científicos. Certamente muitas coisas não são relativas, nem a verdade está em função de nossas interpretações. Contudo, temos medo daquilo que não podemos controlar e que não conhecemos nos mínimos detalhes.
A minha intenção não é entrar em guerra com outros credos, religiões e propostas, acredito e tenho pregado o respeito e a unidade na diversidade. Mas penso que não está certo ficar parado e assistir o medo e o pavor tomarem conta do coração de tantos irmãos e irmãs financiados pela propaganda de grupos que falam de amor, caridade, bondade de Deus, liberdade, mas que “fabricam”, com seus ensinamentos, um bando de gente com medo e incapaz de dar um passo porque tem medo de feitiço, encosto, casa assombrada, mal olhado, ou de qualquer coisa que possa tomar conta de nosso barco interior e o levar para onde não queremos ir e fazer o que não queremos fazer. As novelas e propagandas que aos poucos bebemos sem reclamar, nos deixam confusos em relação a Jesus, o único Senhor que devemos seguir, e nos fazem ter medo de uma realidade que mais deveria nos dar força e coragem para enfrentarmos a vida e nossas histórias: a vida pós morte e o Céu, que não podemos esquecer, é a casa do Pai. Deus é amor, felicidade, paz, abraço, nos ama com amor de pai e carinho de mãe. Como podemos permitir, em pleno ano 2012, que crendices nos tirem a liberdade e a certeza de que somos filhos amados de Deus e que Ele faria novamente tudo que já fez, somente para nos fazer acreditar e viver, segundo seu amor, por todos e cada um de nós?
Respeito todas as religiões, procuro e consigo, com a graça de Deus, ver coisas belas em todas elas, o que não aceito é este proselitismo e esta verdadeira guerra por adeptos e fiéis, sem o menor controle do que se diz e faz, apenas para se conseguir templos cheios e muitos servos ao serviço de caprichos que não levam em conta a dignidade de cada pessoa e o direito que cada um tem de viver livre e sem medo. Cada homem e mulher deve escolher seu caminho e religião, sabendo que a vida é maravilhosa, que é um dom de Deus e que as dificuldades não são castigos de um general superior e eterno, que está com raiva da gente, mas apenas conseqüências dos encontros e desencontros de nossa condição humana. Fico indignado, até com pessoas de minha própria Igreja, que tanto amo, quando escuto e vejo pregações e conteúdos que em nada ajudam o crescimento de cada coração, mas que só conseguem incentivar o medo e uma escravidão doentia. Será que é verdade que o mundo desencarnado é mais poderoso do que o mundo que vivemos e, que temos que temê-lo, porque podem nos fazer o mal? E se, seres do mundo do além tivessem tanta força para nos fazer o mal na hora que querem onde estaria Deus, já que ele é bom para com todos? Precisamos de um Deus todo poderoso mas que não tem a força de controlar seus espíritos bons e maus? Não estou querendo dar respostas, nem obrigar nenhum leitor a seguir meus pensamentos, mas desejo levantar questionamentos para que cada um faça e tire suas próprias conclusões. Este é um dos primeiros desejos da parapsicologia.
É verdade, existem coisas estranhas, mas não precisamos ficar com medo delas e deixarmos até de aproveitar a vida, sair de casa, permitindo o pânico tomar conta de nós e de nossas famílias. O que nos assusta é o desconhecido, mas quero, justamente, tentar mostrar, dialogar sobre estes fenômenos desconhecidos, para vermos juntos que são humanos, criações e feitos, não do outro lado que nos odeia, mas de nossa própria mente e forças ocultas do nosso ser exterior e interior. É sobre estes assuntos que a parapsicologia quer falar. Continuaremos, até lá!
Pe. Rômulo Azevedo da Silva. Pároco de Sant´Ana – Santana do Seridó-RN
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