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Situação das emergências de hospitais públicos é discutida na CNBB

Na tarde do dia 05 de setembro, a Comissão Brasileira de Justiça e Paz da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) promoveu um encontro para tratar da saúde pública. A reunião aconteceu na sede da Conferência, em Brasília (DF), e contou com presença de representantes do Observatório da Saúde do Distrito Federal, do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT), e outras entidades que elaboraram o documento ‘Ação Conjunta de Fiscalização nos Hospitais Públicos do Distrito Federal – Emergências’ de avaliação das emergências dos hospitais públicos do Distrito Federal.
No documento é expresso que para melhorar as condições de atendimento nas emergências dos hospitais públicos, é necessário trabalhar o chamado ‘nível primário de atenção’ ou ‘atenção primária à saúde’. Este nível se caracteriza como a primeira atenção que a população recebe, e compreende-se como ações de promoção da saúde, prevenção de doenças, ou agravos em doenças pré-existentes. Sendo os responsáveis pelo atendimento deste nível os postos de saúde e Unidades Básicas de Saúde.
O médico cardiologista, membro da Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP) e coordenador do Observatório de Saúde do Distrito Federal, doutor Geniberto Paiva Campos, explica a importância do ‘nível primário de atenção’. “Uma pessoa de determinada comunidade que vai à unidade de saúde de sua região e não encontra o atendimento que necessita, como única alternativa, recorre às emergências dos hospitais públicos”, ilustrou.
A política do ‘nível de atenção primária’ é apresentada como uma estratégia voltada para responder de forma regionalizada, integrando médicos, enfermeiros, assistentes sociais, psicólogos e, principalmente, agentes comunitários, à população. Para o coordenador, se todos esses profissionais cuidarem de forma adequada dessa população, “as emergências passarão a ser exatamente aquilo que devem ser, emergências”.
A ideia é humanizar a relação do morador com os profissionais de saúde da comunidade. “Em uma pequena cidade, de 25 mil habitantes, vamos supor, naquela região, as pessoas da saúde passam a interagir efetivamente com a população. O morador vai saber o nome do médico que cuida da família, da enfermeira, da psicóloga, e do mais importante de todos: o agente comunitário de saúde”, exemplificou.
“Se as pessoas não tem acesso à atenção primária elas recorrem aos hospitais, sem a menor necessidade. Na realidade, essas emergências não estão atuando, obrigatoriamente como emergência, e sim como ambulatórios. A atenção primária é esse atendimento comunitário, que ‘desafogaria’ os pronto-socorros dos hospitais”, esclarece o cardiologista.
O tema central da reunião é essa questão das emergências, com o foco na questão básica. Doutor Geniberto ainda afirma que não bastam investimentos em mais equipamentos para a emergência, ou comprar mais macas hospitalares, se não houver a atenção primária. “Trabalhar com o foco nas emergências é trabalhar no efeito, não na causa. Não adianta”, enfatiza.
Para representantes das organizações presentes na reunião, a solução para os pronto-socorros hospitalares, são as ações preventivas e curativas, bem como a atenção a indivíduos, voltadas às suas comunidades.
“As pessoas estão utilizando hospitais de alta complexidade na atenção básica, esse é o ponto. Ou melhora a atenção básica, ou vamos ter sempre os pronto-socorros lotados, pessoas pelos corredores, aquela situação que costumamos ver nas notícias. A atenção primária é basicamente o que vai organizar todo o sistema”, credita o médico.
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